terça-feira, 6 de setembro de 2011

Plenário da Câmara absolve Jaqueline Roriz

A deputada federal Jaqueline Roriz (PMN-DF) ao chegar para a sessão que vai decidir seu futuroi político em foto de Aílton de Freitas

BRASÍLIA - Por 265 votos a 166, o plenário da Câmara absolveu a deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF), que enfrentava um pedido de cassação do mandato. Jaqueline foi flagrada recebendo dinheiro do operador e denunciante do esquema do mensalão do DEM em Brasília, Durval Barbosa, em vídeo gravado em 2006, mas revelado apenas em março de 2011. Outros 20 deputados se abstiveram.

VOTE: A absolvição de Jaqueline Roriz prejudica a imagem da Câmara?

A defesa de Jaqueline alegava que ela ainda não tinha mandato em 2006 e, por isso, não poderia ser cassada agora. O relator, Carlos Sampaio (PSDB-SP), por outro lado, pedia a cassação, argumentando que o fato se tornou de conhecimento público apenas este ano, quando Jaqueline já havia tomado posse na Câmara.

O relator defendeu em plenário, nesta terça-feira, que a parlamentar perdesse o mandato. Para ele, não importa que o vídeo flagrando-a recebendo dinheiro do operador e delator do mensalão do DEM em Brasília, Durval Barbosa, tenha sido feito em 2006, quando ela ainda não era deputada federal. Apesar de não admitirem publicamente, muitos parlamentares afirmavam que o clima era favorável à parlamentar e que Jaqueline deveria conseguir escapar da cassação. A votação foi secreta e seriam necessários pelo menos 257 votos "sim" a favor do relatório do conselho pela cassação, para que ela perca o mandato. Depois das falas do relator Carlos Sampaio (PSDB-SP) e da defesa da deputada, Jaqueline falou por 11 minutos. Em seguida, foi aberto prazo de três minutos para manifestações de parlamentares contra e a favor da cassação. Terminada as falas, foi iniciada a votação eletrônica.

DURVAL FILMES: Confira o vídeo de Jaqueline Roriz e outros flagrantes de envolvimento com mensalão do DEM

INFOGRÁFICO: Linha do tempo relembra o escândalo do mensalão do DEM

Por volta das 17h, a deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF) chegou ao plenário acompanhada de seu advogado, José Eduardo Alckmin. Ela usou menos da metade dos 25 minutos que tinha para se defender e foi à tribuna. Em seu discurso, Jaqueline se defendeu das acusações de quebra de decoro para preservar seu mandato e sobrou para a imprensa e para a Procuradoria Geral da República. Segundo ela, a mídia a condenou injustamente, atacando sua honra. Ela também citou a família, que estaria sofrendo com ela devido aos ataques da imprensa. Jaqueline disse ainda que o vídeo em que é flagrada recebendo dinheiro do operador e denunciante do esquema do mensalão do DEM em Brasília, Durval Barbosa, foi gravado fora do contexto, uma vez que ela não exercia o mandato na época. O vídeo foi feito em 2006, mas revelado apenas em março deste ano.

- Fizeram isso comigo, com minha honra, e mais uma vez me calei. Venho agora quebrar esse silêncio - destacou ela, em referências às matérias que saíram na imprensa, acrescentando:

- Sofri e vi minha família sofrer comigo.

Outro alvo das críticas de Jaqueline foi o procurador geral da República, Roberto Gurgel.

- O procurador me denunciou faltando apenas quatro dias para esta sessão. E nem ao menos me ouviu - disse.

No momento em que discursava, manifestantes presentes usavam camisetas com os dizeres "Fora Jaqueline Roriz". Eles vaiaram a deputada quando ela terminou o discurso.

Mais cedo, várias faixas pedindo a punição de Jaqueline Roriz foram espalhadas nas ruas de Brasília. No caminho entre o aeroporto e o Congresso Nacional, por onde passam os parlamentares, havia uma recomendando a cassação. Além disso, no Eixão Norte, o asfalto foi pintado com frases que também pediam o desligamento da deputada.

Antes da fala de Jaqueline, José Eduardo Alckmin defendeu, no plenário da Câmara, a absolvição da parlamentar, acusada de quebra de decoro. Citando um precedente na Câmara, relatado em 2007 pelo então deputado federal e atual ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo (PT-SP), Alckmin disse que fato ocorrido antes do início do mandato parlamentar não poderia resultar em cassação por quebra de decoro.

- É um precedente da maior valia, que foi aprovado pelo Conselho de Ética - disse, completando com uma crítica ao relator do processo, o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), que pediu a cassação de Jaqueline:

- O que se tem agora: uma proposta de ruptura. O relator disse que seria um caso inédito, mas não é.

Advogado defesa vê diferenças entre a situação de Eurides e a de Jaqueline

O advogado também rebateu as críticas do relator à postura de Jaqueline, que, quando deputada distrital, chamou a então colega Eurides Brito (PMDB-DF) de cara de pau e mau caráter. Eurides foi flagrada em vídeo semelhante ao de Jaqueline, mas as imagens vieram a público já em 2009, quando estourou o escândalo do mensalão do DEM. Segundo Alckmin, as duas situações são diferentes, uma vez que Eurides era deputada distrital tanto no momento em que o vídeo foi feito quanto naquele em que foi revelado. Jaqueline Roriz, por sua vez, é deputada federal no momento, mas não tinha mandato no momento em que o vídeo foi feito. Além disso, informou Alckmin, Eurides ofendeu o pai de Jaqueline, o ex-governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz.

- Ato praticado fora do exercício parlamentar não tem poder de configurar um ato atentatório ao decoro e à ética parlamentar - disse Alckmin.

Já Sampaio questionou se o mesmo raciocínio - de que não há problema em conviver com uma parlamentar que tenha cometido irregularidade antes do início do mandato - seria feito se as imagens tivessem flagrado um assassinato, um estupro ou um ato de pedofilia. Ele também acusou a deputada de agir de forma contrária a que adotou quando estourou o escândalo do mensalão do DEM, em 2009.

Sampaio citou ainda o posicionamento de Jaqueline Roriz quando ela era deputada distrital em relação ao julgamento de colegas flagrados em vídeos feitos por Durval Barbosa. Na época ela teve uma postura crítica.

- Mau caráter. Cara-de-pau. Esse foi o posicionamento de Jaqueline Roriz em relação à sua colega - disse ele, fazendo referência a declarações de Jaqueline contra a ex-deputada distrital Eurides Brito (PMDB-DF), que foi flagrada em vídeo semelhante, mas revelado já em 2009.

- Quanta desfaçatez. Chamar de cara-de-pau, pedir CPI, por uma atitude semelhante à dela.

Sampaio também refutou a tese da defesa de que o recebimento de vantagem indevida não é passível de cassação. O relator afirma que isso está constitucionalmente previsto.

- Se fosse fato passado e sabido, eu até concordaria - disse, lembrando que o vídeo só foi revelado em março deste ano e acrescentando:

- Mas não é o caso dela. Ninguém sabia em 2006. Ninguém sabia em 2010.

Para relator, Câmara deveria cassar mandato de Jaqueline

Sampaio tinha a expectativa de que a Câmara cassasse o mandato da deputada para preservar a imagem da Casa.

- Para mim o procedimento ético de um parlamentar não se analisa neste ou naquele episódio, mas em toda sua história. Se ela conseguiu ocultar os fatos vai conseguir se beneficiar disto? É neste momento, na divulgação dos fatos, que fica ferida a imagem do Parlamento. Espero que o Parlamento tenha uma postura efetiva contra alguém que está imaculando a imagem desta Casa - disse Carlos Sampaio.

O relator, deputado fedaral Carlos Sampaio (PSDB-SP) chega ao plenário para a sessão que vai decidir pela cassação ou não da deputada Jaqueline Roriz - Foto de Aílton de Freitas

Sampaio enfatizou que apesar de ter ocorrido em 2006, o fato só veio à tona em março deste ano, quando a deputada já estava no exercício do atual mandato. O relator enfatizou que o ato atentatório ao decoro provocou repercussão negativa na imagem do Parlamento nesta legislatura. A representação contra a deputada foi feita pelo PSOL.

Segundo o advogado de defesa, José Eduardo Alckmin, a esperança era pela não cassação já que existiam precedentes anteriores de que não se pode julgar deputados por fatos que ocorreram antes dele assumir o mandato. Indagado sobre o argumento defendido pelo relator do processo do pedido de cassação, deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), de que os fatos contra Jaqueline apesar de ocorridos em 2006 só foram divulgado neste ano, Alckmin disse que o caso não deve ser julgado pela Câmara. Para ele, não era possível avaliar a eleição de Jaqueline Roriz se a população conhecessem o vídeo.

- O verdadeiro juiz de tudo isso só pode ser o eleitor. Não é possível presumir que o voto seria diferente ( se conhecessem os fatos). Tanto é assim que vários parlamentares foram eleitos ( depois de serem acusados no envolvimento no esquema do mensalão). É melhor que se aguarde um novo posicionamento das urnas - disse o advogado de Jaqueline.

Manifestantes pedem a cassação da deputada Jaqueline Roriz. Foto: Ailton de Freitas

O deputado informou que na próxima semana pretende procurar o presidente da Câmara, Marco Maia, para que ele volte a pautar a votação, em segundo turno, da emenda constitucional que acaba com qualquer possibilidade de voto secreto na Câmara e no Senado. O projeto foi aprovado em 1º turno em 2006, mas continua engavetado.

Deputada distribuiu relatório com parecer a favor de sua absolvição

Em campanha para tentar evitar a cassação de seu mandato por receber R$ 50 mil do esquema do mensalão do DEM no Distrito Federal, a deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF) recorreu até a um relatório de existência duvidosa, que nunca foi discutido e nem votado na Câmara. Esse parecer, pela sua absolvição, é do deputado Vilson Covatti (PP-RS) e foi distribuído pela deputada a todos os parlamentares, incluído no seu memorial de defesa. O relatório foi apresentado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

Vídeo flagra a deputada Jaqueline Roriz recebendo dinheiro. foto: reprodução

Covatti, anteriormente, havia votado contra a cassação de Jaqueline no Conselho de Ética, do qual é integrante. Nesse colegiado, o placar foi 11 a 3 pela perda do mandato. A deputada, então, recorreu à CCJ. O deputado gaúcho foi escolhido relator, mesmo já tendo se manifestado sobre o caso. O PSOL entrou com representação contra a indicação de Covatti, por já ter opinião formada sobre o caso.

Em 13 de julho, Covatti apresentou seu parecer, contra a cassação do mandato. Um dia depois, Jaqueline desistiu do recurso, alegando que deixaria o caso tramitar normalmente. Ou seja, o recurso deixou de existir e o relatório de Covatti nunca foi discutido e nem votado na comissão. Mas está sendo utilizado e distribuído pela defesa de Jaqueline.

A assessoria da deputada informou que o relatório deve ser considerado pelos parlamentares e que o texto faz parte do processo que está na Câmara. Na publicação da Câmara desta segunda-feira, com o teor do processo a ser distribuído para os parlamentares, não constava o parecer de Covatti. A assessoria da parlamentar informou ainda que não há nada no regimento da Câmara que impeça a indicação de Covatti para relator, apesar de sua posição pró-Jaqueline.


VERGONHA!!! Jaqueline Roriz apareceu em imagens recebendo dinheiro desviado dos cofres públicos para financiar sua campanha. Porém, foi absolvida pelos seus colegas corruptos. Graças ao voto secreto na Câmara. VERGONHAAAA!!!!!!

FIM DO VOTO SECRETO!!!!!

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